No louco frenesi daqueles
anos, explodia a liberdade acorrentada pelo formalismo hirto dos pós guerra.
SARTRE, DALI, PICASSO e GAUDI |
Sartre acordava mentes, Dali
e Picasso riam-se dos cânones, Gaudi e Montaner tinham proposto
roturas absolutas com a linearidade da arquitectura novecentista, nas ruas de
Paris as barricadas de 68 exigiam abertura, liberdade, evolução, justiça social
e outras bandeiras.
O Vietname
tinha-se tornado numa dramática e intolerável bandeira antiamericana, John e Robert Kennedy tinham sido assassinados, assim como Luther King e Malcom X, Che e
Fidel tinham-se libertado de Fulgêncio Batista, Franco (nunca lhe perdoei a
barbaridade medieva aplicada a Garmendia e Otaegui) e Salazar enfrentavam
a contestação crescente com perseguições, prisões, censura, torturas e mortes.
KENNEDY, LUTHER KING, CHE e DELGADO
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Por cá, Dias
Coelho tombava no Calvário às mãos de esbirros do regime, Delgado era atraído e assassinado por Rosa Casaco, Sena (e tantos
outros) pressentia a detenção e fugia para o Brasil, a radio repetia
incessantemente hinos feitos à pressa, "Angola é nossa, gritarei...",
acontecia a Capela do Rato, Felicidade Alves escandalizava Thomaz e Gertrudes
com homilias incendiárias, "Ultramar" tinha-se tornado numa palavra
simultaneamente sagrada e maldita num país dividido pela ignorância
intencional, onde democracia e liberdade eram palavras proscritas, proibidas,
censuradas, mares de lenços brancos viam milhares de jovens esperanças
esfumarem-se em navios para lá do Bugio, os corredores da cidade
Universitária assistiam às convulsões de 62 e 69.
A América latina
era um ninho de ditaduras sanguinárias e refúgio privilegiado de líderes e
criminosos nazis, e o apartheid continuava a gerar massacres inenarráveis…
A
"intervenção" manifestava-se (também) na música com Dylan e Baez, Buarque, Brassens, Moustaki.
Por cá, ouvia-se quase às escondidas Zeca, Fanhais,
Adriano, José Jorge Letria, Manuel Freire, e outros.
A poesia de Manuel Alegre denunciava
a prisão e a amputação da palavra.
Já se tinha
passado por Woodstock, pelo Flower
Power, pelo Black Power, pelo "amor livre", sonhávamos viajar de
chopper com Peter Fonda e Dennis Hopper em "Easy Rider", os
movimentos de libertação da mulher organizavam-se, os códigos de comportamento
sacudiam naftalinas, hábitos, costumes e limites viam alargar-se fronteiras, a
ânsia de mudança gerava angústias sem direcção, refúgios no álcool e em drogas,
em todo o tipo de excessos, pululavam movimentos libertários, muitos deles
pouco consistentes e sem um norte concreto.
Era a louca e marcante década de 60,
rastilho de todas as evoluções, revoluções, contestações.
E é neste caldo
contestatário que Janis, exótica,
provocadora, boémia e carismática, canta "hinos" de amor e revolta,
que marcaram a quase totalidade da geração que viveu as décadas de sessenta e
início de setenta.
Os excessos dela deram voz a milhões de ânsias mal contidas.
Para completar o quadro de "star" dos jovens, seguindo a filosofia "Live fast, die young", desapareceu em 70 com uma overdose de heroína, aos 27 anos.
Os excessos dela deram voz a milhões de ânsias mal contidas.
Para completar o quadro de "star" dos jovens, seguindo a filosofia "Live fast, die young", desapareceu em 70 com uma overdose de heroína, aos 27 anos.
A "Pearl"
deixou-nos pérolas inesquecíveis, "Piece of my heart",
"Rose", "Me and Bobby McGee", "Mercedes Benz",
e........”Cry baby”!
Por:fpb/2015
Obrigado Vitor e Bernardes Neves pelo trabalho de selecção e inclusão destas fotografias, complementaram muito bem o texto. Parabéns. Esta foi a forma como vi a década de sessenta, mas outros poderão ver de outra forma, acrescentando sensibilidades e/ou experiências pessoais. Abraço
ResponderEliminarObrigado...NÓS!...Vai escrevendo pois, és um literário e poeta. Só falta publicares os teus "tesouros". Hoje mesmo, recebi "As Memórias do Major", escrito por um dos nossos companheiros - Serafim Esteves. Abraço e, mantém-te vivo, dessa forma!
ResponderEliminarMuito bem F.Bastos
ResponderEliminarComo disse o O Vitor, obrigado nós.
Mais um momento em que recordamos os loucos anos sessenta, até setenta.Como bem dizes, a "Pearl",deixou-nos algumas obras intemporais, tais como "Me and Bobby McGee",e "Mercedes Benz", sem esquecer todos os outros "actores" que mencionaste.Haverá outros que brevemente és capaz de ter na forja e aqui apresentarás.Assim esperamos.Um abraço.