sexta-feira, 5 de maio de 2017

VILA ROMANA DE PISÕES


Na estrada que liga Beja a Aljustrel, a cerca de 10 Km, na Herdade da Almagrassa, e bem próximo da aldeia de Penedo Gordo, encontramos um verdadeiro tesouro da época romana deixado em terras portuguesas. A Villa Romana de Pisões, assim chamada por se encontrar delimitada pelo barranco de Pisões, foi acidentalmente descoberta em 1967, tendo as investigações arqueológicas revelado tratar-se de uma importante exploração agrícola da época da ocupação romana que abastecia a região.
A Villa ocupa uma área de cerca de 30 mil metros quadrados numa zona plana, estendendo-se ligeiramente por uma suave encosta próxima de uma barragem que mantinha as termas e a piscina de outrora. Destaque para os bem conservados e coloridos mosaicos que representam cenas naturalistas ou composições geométricas, mono ou policromados, e que decoram o pavimento das mais importantes divisões da área residencial.  
As escavações arqueológicas e estudos efectuados nestas ruínas, confirmam que a villa terá sido ocupada entre os séculos I e IV d.C. A área residencial dos proprietários é o património que, até agora, maiores estudos sofreram. Seria uma habitação com mais de quarenta divisões com compartimentos essencialmente caracterizados pela sua riqueza decorativa. Estas divisões encontravam-se dispostas em torno de um pátio central descoberto, denominado peristilo. A fachada, que seria porticada, estaria virada a Sul, abrindo sobre um grande tanque ainda hoje bem conservado.

Tanques, piscina e termas de apreciáveis dimensões, existiriam igualmente nesta propriedade, em aproveitamento da proximidade da barragem de Pisões, constituindo mesmo, o edifício termal, um dos mais relevantes exemplares de termas privadas romanas encontrados em território português.
Todo o conjunto de mosaicos existentes nas ruínas romanas de Pisões é verdadeiramente assinalável, com peças de grande qualidade, composições geométricas e naturalistas, desde mosaicos monocromáticos até aos policromados.
Constituem a sua maior riqueza plástica, podendo admirar-se uma apreciável diversidade de painéis de diferentes períodos da história romana, destacando-se vários estilos decorativos e iconográficos. Um verdadeiro tesouro em terras lusas.
Dignos de destaque são, igualmente, o edifício termal, com a sua planta bem definida e o hipocausto (arcada para aquecimento) muito bem conservado, e o paredão de uma barragem romana, abastecida pelas águas da ribeira da Chaminé, situado a cerca de duzentos metros da villa, a qual teria como função constituir-se como uma reserva de água para o abastecimento da exploração agrícola e para a vida doméstica. 
Esta barragem foi construída em alvenaria de pedra e argamassa e possuía uma albufeira com cerca de 340 metros de comprimento, 31.300 metros quadrados de área inundada, armazenando um volume de água de 38.000 metros cúbicos.

Na época, davam-se as culturas da vinha, oliveira, produção de cereais e de gado, tal como ainda hoje, que abasteciam os mercados de Pax Julia (Beja), ou de outras cidades do Alentejo e Algarve, bem como do exército e de coutos mineiros, como Vipasca (Aljustrel) e Mina de S. Domingos.
A fachada principal da casa abria para um grande tanque exterior, para além do qual se situam também vestígios de mausoléus familiares, tendo sido, até ao momento, escavados três.
É possível observar-se a riqueza do proprietário e o gosto da época quer no revestimento dos pavimentos, com mosaicos e mármores, quer no das paredes, com pintura mural, da qual ainda se conservam alguns vestígios.
Nas escavações foram também recuperados alguns elementos que apontam para uma continuidade até à ocupação da Península Ibérica pelos muçulmanos.
Ao contrário do que acontece na maioria dos sítios romanos, onde não existem dados concretos sobre os seus habitantes, em Pisões foi encontrado um pequeno altar em mármore devotado a Salus, a deusa da felicidade e da saúde. Aí, encontra-se uma inscrição que revela que o altar foi dedicado pelo escravo Catulo, a Gaio Atílio Cordo.Assim, é possível que este nome corresponda àquele que era o proprietário da villa em determinado momento do século I d.C., sendo Catulo um dos seus escravos.
O mais conhecido monumento epigráfico de Pisões é uma árula votiva, dedicada à deusa Salus, com uma referência a Gaio Atílio Cordo que terá sido com grande probabilidade, proprietário da villa.
              Base de Prensa
No caminho de acesso à villa, próximo da barragem romana, ainda hoje é possível observar-se os vestígios dos pisões que terão dado o nome a este sítio arqueológico. Apesar de não se conhecer a cronologia deste engenho, é certo que muitos pisões só deixaram de estar em funcionamento ao longo da primeira metade do século XX.

Os balneários, com as diversas zonas diferenciadas consoante a temperatura (caldarium, tepidarium e frigidarium), são de arquitectura complexa e muito cuidada: salas cujo pavimento era feito sobre arcos e colunas (para terem aquecimento inferior), paredes duplas de tijolo (para aquecimento lateral pela passagem constante de ar quente), piscinas para banhos frios e para banhos quentes, e canalização principalmente de chumbo.

Por:





Sem comentários:

Enviar um comentário