quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

GRUTA DO ESCOURAL


Encontrada acidentalmente em 1963, a Gruta do Escoural é uma das mais raras e significativas estações arqueológicas de arte rupestre em território nacional. Em pleno Alentejo, a cerca de 3 Km de Santiago do Escoural, concelho de Montemor-o-Novo, a gruta possui espólio arqueológico que testemunha uma ocupação humana com mais de 50 mil anos. 
A Gruta do Escoural é uma cavidade natural e o sítio está localizado entre as bacias hidrográficas do Tejo, o rio Sado, e da região das planícies alentejanas, na Serra de Monfurado de onde ainda é possível avistar a Serra da Arrábida.
A primeira ocupação da gruta remonta ao Paleolítico Médio, quando grupos de caçadores-coletores Neanderthal a usaram como abrigo temporário para a prática da caça. Com base em provas ósseas no interior da gruta, estes grupos caçavam nas proximidades, auroques, cervos e cavalos. Mais tarde, durante o período Paleolítico Superior (35.000-10.000 a.C.), os residentes constituídos por grupos anatomicamente considerados modernos fizeram a sua marca na caverna.
Deve a sua fama às figuras pintadas e gravadas nas paredes do seu interior durante o período Paleolítico Superior, com datação relativa entre 25.000 e os 12.000 anos a.C
Existem paralelismos estilísticos entre as pinturas e gravuras rupestres do Escoural e algumas estações arqueológicas francesas e espanholas, como são o caso de Altamira, Lascaux, identificadas como pertences ao período da arte paleolítica.
Morfologicamente, e parcialmente selada por um espesso manto de estalagmite, a Gruta do Escoural é constituída por cerca de trinta galerias e diversas salas e corredores, dispostos em vários níveis. A maioria das imagens situa-se no grande e amplo salão central. A representação das gravuras e das pinturas divide-se em dois grupos: Um, constituído por motivos zoomórficos – cavalos e bois, e o outro, de linhas geométricas abstratas ou signos enigmáticos.
Para os equídeos e os bovídeos, o homem do Paleolítico socorreu-se do pigmento negro, enquanto nas composições de sinais e linhas utilizou o vermelho. Um traço largo, firme e seguro delimita as gravuras riscadas nas diversas paredes
O significado original da arte rupestre da Gruta do Escoural é um enigma ainda por decifrar claramente. Poderia, decerto, representar conceitos e símbolos ligados a rituais mágicos e religiosos do Homem pré-histórico, o que configura este espaço como verdadeiro santuário do Paleolítico Superior.
A sua influência é evidenciada por uma rocha santuário contendo pinturas de animais contemporâneos ao período Paleolítico Superior. Mais tarde, quando da emergência do Neolítico (5.000-3.000 a.C.), as comunidades de agricultores e pastores tiraram aproveitamento desta cavidade natural como cemitério para os seus mortos. No final do neolítico a gruta ficou encerrada, mas as populações do Calcolítico (3.000-1.200 a.C.) continuaram na região. A cerca de 600 metros encontra-se um povoado fortificado bem como outros povoados calcolíticos e um tolo (edifício circular) megalítico.











































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