quarta-feira, 30 de novembro de 2016

SALÁCIA – (ALCÁCER DO SAL)


A primeira ocupação humana em Alcácer do Sal remonta à pré-história (períodos Neolítico, Calcolítico e Idade do Bronze). Posteriormente, conheceu a presença fenícia por volta de 1000 a.C., quando se designava por “Bevipo”. Assim como as vizinhas e, também fenícias Lisboa e Setúbal, fornecia sal, peixe salgado, cavalos para exportação e alimentos para os barcos que comerciavam estanho com a Cornualha.
O povoado cunhou moeda própria em meados do século I A.C., já sob o domínio romano, com a inscrição “Imperatoria Salacia”, datando dessa época, a alteração do nome da localidade para SALÁCIA, quando controlava a via que comunicava o estuário do rio Tejo com a região do Alentejo e a do Algarve.
Mais tarde com a invasão visigótica voltou a tomar importância, sendo sede episcopal. Ocupada pelos muçulmanos desde 715 D.C., tomou o nome de “Qasr Abu Danis”. Desde então, as suas defesas foram reforçadas, constituindo-se um dos principais portos da costa atlântica ao sul do Tejo. Consta-se que em 966 D.C., uma frota de Normandos (Vikings) entrou pela foz do Sado até Alcácer do Sal, tendo desistido da habitual razia à vista da sua defesa, o que confirma que Alcácer do Sal tenha sido um dos mais importantes centros urbanos e militares do território islâmico peninsular. 
Durante o domínio árabe foi capital da província de Al-Kassr. D. Afonso Henriques conquistou-a em 1158. Reconquistada pelos mouros, só no reinado de D. Afonso II, e com o auxílio de uma frota de cruzados, a cidade foi definitivamente conquistada, tornando-se cabeça da Ordem de Santiago. 
Alcácer do Sal é a localidade onde nasceu, em 1502, o matemático Pedro Nunes.

Existe uma lenda que diz que no século I a.C. veio do norte de África uma expedição de bárbaros piratas atacar algumas zonas costeiras do território que é hoje Portugal. Entraram em Setúbal pelo estuário do Rio Sado e foram até uma bela cidade que se encontrava em cima de um morro, roubaram, destruíram e puseram-se em fuga.
O povo, revoltado e triste, fez os mais diversos votos para a morte daqueles piratas. Foi invocada Salácia, rainha dos mares, por meio da deposição de votos, e sacrifícios... Prometeu-se a construção do templo de Salácia nessa terra caso a população fosse ouvida. À entrada no oceano, deu-se uma grande tempestade e os barcos piratas foram totalmente destruídos, ficando no fundo do mar os grandes tesouros transportados. O templo terá sido erguido, absorvendo a cidade o nome de Salácia.



O Castelo de Alcácer do Sal, uma das poucas construções em paipa que chegou aos nossos dias, foi mandado edificar pelo califa almóada Ya qub Al-Mansur, mas tal estrutura era já sucessora de outras fortificações que antes se tinham erguido estrategicamente no alto da colina de onde se avistavam inimigos a grande distância, quer estes se deslocassem por terra ou navegassem no Sado. Assistiu a muitas batalhas e demorados cercos; à conquista por D. Afonso Henriques, em 1158; à reconquista islâmica que lhe seguiu e o dotou de mais torreões; e à tomada final, no reinado de D. Afonso II, em 1257. 
No século XIII há uma campanha de reconstrução do castelo sendo que teria, na altura, uma estrutura bem maior e mais imponente do que hoje se apresenta. 
Ao longo do século XV o castelo perdeu gradualmente as funções militares. Em 1573 foi aqui fundado, no interior do castelo o Convento de Nossa Senhora de Aracaeli no lugar do palácio da Ordem de Santiago. Em 1998 o antigo espaço conventual foi transformado numa pousada, e dez anos depois aberta a Cripta Arqueológica do Castelo de Alcácer do Sal.
As escavações arqueológicas realizadas encontraram, num perímetro curto, marcas do Neolítico Final; Idade do Ferro; um fórum romano; vestígios das fases Almóada, Califal e do Período dos Taifas.
A Cripta é tida como a maior cripta arqueológica do país, está situada por baixo do Castelo de Alcácer de Sal, transformado na Pousada D. Afonso II. Apresenta vestígios da Idade do Ferro que remontam ao século VI a.C., bem como estruturas do período romano e da ocupação islâmica, abrangendo uma área considerável. Encontraram-se também muros medievais da época cristã pós-reconquista, alicerçados parcialmente em paredes romanas que, por sua vez, se sobrepõem a estruturas preexistentes mais antigas, datadas da Idade do Ferro.

- Paleolítico – Idade da pedra lascada, de 2,5 milhões de anos até 10.000 A.C. ( a considerar o Paleolítico inferior, o Médio e o Superior).
-Mesolítico – Entre 10.000 a 5.000 A.C.
-Neolítico – Idade da pedra polida – de 5.000 a 3.000 A.C.
- Idade dos Metais: Idade do Cobre (Calcolítico) – Entre o Neolítico e a Idade do Bronze – 3.000 a 1.200 A.C. / Idade do Bronze – (liga de cobre com estanho) – Idade a seguir à do cobre. Idade do Ferro (1.000 A.C.)
Taipa – Técnica construtiva à base de barro e cascalho.

Por Vitor Oliveira


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