quinta-feira, 17 de novembro de 2016

MIRÓBRIGA CELTICORUM

Miróbriga é uma antiga cidade romana situada perto da vila e freguesia de Santiago do Cacém. A arqueologia revelou que a cidade ocupou o local de um antigo povoado da Idade do Ferro que existia desde o século IX a.C.
Com a colonização romana esta cidade estendeu-se por mais de 2 quilómetros e desenvolveu-se com áreas comerciais em torno do fórum. As termas, as mais bem preservadas em Portugal, são constituídas por dois edifícios adjacentes, possivelmente um para o sexo masculino e outro para o feminino, respectivamente. As áreas residenciais ainda são pouco conhecidas. Relativamente perto das termas, existe uma ponte com um único arco semicircular. O hipódromo, é o único completamente conhecido em Portugal e está localizado perto da cidade, em terrenos particulares.
O Fórum de Miróbriga encontra-se localizado numa zona chamada de "Castelo Velho". Foi ocupada já desde a Idade do Bronze, e do Ferro, onde beneficiou das trocas comerciais púnicas no século IV a.C. A partícula "briga" parece indicar a celtização da zona. A ocupação propriamente romana dá-se no século I d.C., e possivelmente teria o estatuto de Estipendiária. A sua origem etimológica deriva de dois vocábulos celtas antigos miro/more (mar) e briga (fortaleza), pelo que o topónimo significa Fortaleza do Mar. Na época pré-romana era o povoado principal dos mirobricenses, uma das tribos dos célticos, uma confederação tribal cujo território se situava a sul do dos lusitanos e a norte do território dos cónios (que correspondia aos actuais Algarve e sul do distrito de Beja), ou seja, do sul do rio Tejo (antigo Tagus) ao rio Guadiana (antigo Anas), correspondendo, em grande parte, ao atual Alentejo, Península de Setúbal, Ribatejo, e parte da Estremadura espanhola. Na época flaviana o desenvolvimento da cidade foi intenso, podendo mesmo ter chegado a obter o estatuto de município, juntamente com Bracara Augusta e Conímbriga. O que seria provável é que controlava muito possivelmente um território relativamente afastado de si, como é o caso de Sines.
O despovoamento de Miróbriga, terá ocorrido, segundo os testemunhos arqueológicos até agora apurados, no século IV d.C., altura da decadência do império romano registado amiúde em outras cidades. Temos as termas Este, edificadas no século II d.C., e as termas oeste que viram o nascer do dia por volta da segunda metade do mesmo século. Tanto a escolha topográfica para a implantação, como os materiais para a sua construção foram escrupulosamente pensadas. Existe uma zona de entrada, com salas para massagens, vestiário, e zona de água fria (frigidário) e água quente (caldário). 
Foram também postas a descoberto várias habitações contendo pinturas murais.

Hipódromo
   
A cerca de um quilómetro do sítio arqueológico de Miróbriga encontram-se as ruínas do único hipódromo até hoje identificado em Portugal. 
Destinado a corridas de carros puxados por dois ou quatro cavalos, (bigas / quadrigas) o hipódromo media 370x75 metros. Era dividido ao meio pela "spina" e possuía uma meta em cada extremidade. Não se encontraram vestígios de bancadas, que deveriam ser construídas em madeira.
A ponte romana de Miróbriga situa-se na cidade romana de Miróbriga, na Herdade dos Chãos Salgados. Localiza-se junto ao edifício das termas e permitiria a comunicação entre a área termal e a área residencial, a noroeste. Foi construída com pedra calcária irregular regularizada com fiadas de xisto. Possui um único arco abatido e abobadado, à semelhança do que se observa em várias pontes de origem romana conhecidas em Portugal. O pavimento é em lajes de calcário, semelhantes às da calçada da cidade.
Miróbriga era o mais importante centro urbano antigo na costa alentejana e a sul de Salácia (Alcácer do Sal). A sua importância provém da sua localização, por um lado, a meio caminho entre Salácia e Lacróbia (Lagos) e, por outro, um elo de ligação entre o porto de Sines e Pax Julia (Beja). A ocupação do local remonta aos séculos IX ou VIII a.C., embora as estruturas romanas visíveis datem de meados do século I d.C.



Por: Vitor Oliveira




1 comentário:

  1. Conheço pessoalmente e tenciono lá voltar. Gostei de ler o que li e levarei como referência. Abraço do autor, Vítor Oliveira

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