domingo, 28 de março de 2021

ROLAND GARROS


Nem todos o saberão, mas Roland Garros foi tudo menos um bom jogador de ténis. Era fracote, até. Como teria então o seu nome ido parar a um dos mais importantes torneios do mundo?
Simples. Tornou-se aviador e ficou na História.
Nascido em 1888, Roland Garros cedo se mostrou atraído por veículos mecânicos, coisa que era ainda então dos domínios da raridade. Não admira pois que aos 20 anos já se interessasse por essa grande novidade que era o automóvel, chegando mesmo a montar um negócio de compra e venda.
Tudo mudaria em 1909 quando um amigo o desafiou a assistir a um festival aéreo. Ficou fascinado com "aqueles gloriosos malucos das máquinas voadores" que morriam que nem tordos ao tentarem ir mais longe todos os dias. Queria ser um deles.
Comprou um pequeno avião e foi ganhando experiência até obter o "brevet" de piloto reconhecido pelo Aéro Club de France. Estava dado o primeiro passo mas não o último. Muitas aventuras se seguiriam.
Começou então a participar em festivais aéreos e corridas de aviões, coisa que na altura era relativamente frequente. Ganhou umas, perdeu outras, até que em 1912 venceu o mítico Circuito de Anjou, o que fez dele uma celebridade nacional.
O seu grande feito aconteceria porém em 1913, quando se tornou no primeiro aviador a conseguir atravessar o Mediterrâneo. Descolou da Riviera Francesa e, apesar de duas falhas de motor em pleno voo, aterrou oito horas depois em Bizerta, Tunísia, quando lhe restavam apenas cinco litros de gasolina no depósito. Tinha nascido um novo herói francês e mundial.
Em 1914 ofereceu-se para combater como aviador na I Grande Guerra. A oferta foi bem recebida e pouco depois já Roland Garros trabalhava com o seu amigo Raymond Saulnier num mecanismo que permitia instalar no avião uma metralhadora que fosse capaz de disparar pelos intervalos da hélice do motor. Processo engenhoso e de difícil sincronização mas que, com alguma persistência, lá acabou por funcionar de forma satisfatória.
A partir daí foi um massacre. Roland Garros começou a abater aviões alemães com inesperada frequência e a notícia rapidamente se espalhou pelas forças em confronto. A preocupação instalou-se nos quartéis generais do inimigo que assim via os franceses adquirirem total superioridade aérea, facto que na altura ainda não era determinante mas que podia ajudar muito a quem a tivesse.

Até que um dia as coisas correram mal. Provavelmente devido a um tiro disparado fora do tempo, o motor do avião de Roland Garros parou quando voava numa zona sob controle alemão. Conseguiu aterrar mas não teve tempo de pegar fogo ao avião de forma a evitar que o segredo fosse desvendado. Foi imediatamente capturado e mandado para um campo de prisioneiros situado no Leste da Alemanha. O avião, entretanto, foi entregue a um engenheiro holandês, Anthony Fokker, que estava a desenvolver um sistema de tiro idêntico ao instalado no aparelho de Garros. Rapidamente encontrou a solução para os seus problemas e em poucos meses os aviões alemães já disparavam pelos intervalos do hélice. Estava reposto o equilíbrio e a partir de então o senhor Fokker ficava com o futuro garantido, como se viu.
Ao fim de três anos de prisão Roland Garros conseguiu evadir-se e ao fim de umas semanas em fuga lá chegou a França. Pediu que lhe dessem um avião e foi novamente combater. Um dia foi atacado por seis Fokker alemães e não teve hipóteses. Morreu despedaçado em pleno combate. O calendário marcava 5 de Outubro de 1918

Por:
Comt. José Correia Guedes "Aviador"


Sem comentários:

Enviar um comentário