terça-feira, 18 de dezembro de 2018

REZA A HISTÓRIA DA CIDADE DE LUANDA


Dia de Nossa Senhora de Assunção, dia 15 de Agosto, faz 370 anos que Luanda foi reconquistada aos holandeses para o Reino de Portugal, pelo Governador do Rio de Janeiro e Almirante dos Mares do Sul, SALVADOR CORREIA DE SÁ E BENEVIDES.

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D. João IV
Em 25 de Agosto de 1641 uma Armada holandesa de 18 navios comandada pelo Almirante Cornelis Jol, invade Angola e ocupa a cidade de Luanda. A população foge para norte, por ordem do Governador Pedro César de Menezes e refugia-se no Forte de Massangano. A ocupação holandesa ia durar até 1648, data em que o Rei D. João IV de Portugal envia Salvador Correia de Sá e Benevides para libertar o território.
A importância de Angola 
Era extrema a importância de Angola, porque dali se fornecia o Brasil de escravos indispensáveis para a cultura das suas terras. A empresa de a reconquistar era tanto mais difícil, quanto pela situação extravagante em que se achava Portugal com os holandeses, aliados agora na Europa. Era indispensável que Salvador Correia encontrasse um meio de tomar Angola sem que parecesse que tomara a ofensiva, para se não considerarem rotas as pazes com a Holanda.
Em 1644, Salvador Correia regressou ao Brasil. Deveria ir primeiro à Bahia, defendê-la em caso de necessidade e depois ao Rio de Janeiro, preparar a expedição angolana que seria chefiada por Francisco Souto Maior, Governador interino, do Rio de Janeiro.
Massangano

Salvador Correia preparou a frota, mas Souto Maior morreu em Massangano ou em Cabo Ledo, preso, antes de poder restaurar a Colónia. Esta glória, por mérito, ficaria reservada a Salvador Correia, que a preparou.
Antes, Salvador Correia tornou a Portugal, como General da Frota do Brasil, comandando 22 navios, entre eles seis galeões construídos no Rio de Janeiro.
Apesar de achar que se devia levar a guerra aos holandeses em Angola, foi necessário esperar até 1647 para se tomar qualquer atitude, pois tentar tomar pelas armas os locais ocupados, parecia à Corte portuguesa uma grande loucura.

Salvador Correia partiu do Tejo em 24 de Outubro de 1647, com destino ao Rio de Janeiro, sem que fossem conhecidos os verdadeiros poderes que lhe eram atribuídos, sem se dizer que partia para reconquistar Angola. Oficialmente, continuava-se a pregar as vantagens de um acordo diplomático. Ia com uma esquadra de seis navios, e patente de Governador, com jurisdição das Capitanias do Sul, para aparelhar a expedição para a reconquista de Angola.

Chegou ao Rio de Janeiro em 29 de Janeiro de 1648, quando em Portugal o Rei mandava ouvir o Conselho Ultramarino, posição que era defendida pelo Padre António Vieira. Na Europa vivia-se em aparente paz, no Brasil continuava a guerra de reconquista.
Em Junho de 1648 celebrou-se a paz entre os Estados Gerais e a Espanha, poucos dias depois chegavam notícias da vitória da batalha de Guararapes. Diz D. João IV a Luís Pereira de Castro, que depois de Guararapes, vencer os holandeses começa a parecer possível! Mas António Vieira continuava pregando um acordo diplomático, acreditando estar Angola perdida, não sabendo que Salvador Correia já rumava para Angola.

Chegando ao Rio, Salvador Correia ocupou-se da armada que partiria para Angola, preparando mantimentos e completando as guarnições dos navios. Ficou no Governo da cidade entre Janeiro e Maio de 1648 e durante este tempo ainda enviou ao Governador-Geral na Bahia, uma embarcação de mantimentos e despachou três navios com sal para a ilha de Santa Ana, onde deveriam ser preparadas as carnes para a viagem.
Incumbindo-se pessoalmente dos preparativos da expedição, Salvador Correia lançou sobre o Rio uma contribuição de 80 mil cruzados, o que agravou a crise, para a qual fez contribuir as Ordens Religiosas, sobretudo a de São Bento. A esquadra, aumentada no Rio para mais de 20 navios, partiria a 12 de maio, chegando a Luanda em Agosto.
Desde 9 de Maio de 1648, Salvador Correia reunia em sua casa no Rio com os Capitães de Mar e Guerra e os pilotos práticos dos galeões e navios da Armada. Apelava ao patriotismo e até aos interesses dos homens abastados (que a perda de Angola prejudicava) e despendendo também com liberalidade os seus próprios dinheiros, conseguira juntar 15 navios, quatro dos quais comprados à sua custa. Depois das reuniões, Salvador Correia escreveu ao Rei relatando as providências tomadas. A armada seria formada de 15 embarcações com 1400 homens dos quais 900 homens de desembarque. Levava mantimentos para seis meses. Para o financiamento, o povo do Rio de Janeiro contribuiu com 60.000 mil cruzados.
Salvador Correia partiu no dia 12 de Maio para Angola. A praça do Rio de Janeiro ficou pouco guarnecida de soldados, de munições de guerra, de peças de artilharia e de mantimentos. Por isso, em sua carta ao Rei, Salvador Correia pedia que enviasse munições, pólvora e infantes para as Fortalezas que defendiam a cidade, que ficaria muito expostas às invasões dos holandeses, em má situação em Pernambuco.
A Armada zarpou do Rio de Janeiro em fins de Maio de 1648, comboiando e protegendo, até certa altura da viagem, a frota de açúcar que ia para Portugal.
Em Maio de 1648, uma frota constituída por 12 navios e 1 200 homens, (como consta em “História Geral das Guerras Angolanas”), sob o comando do Governador do Rio de Janeiro, Salvador Correia de Sá e Benevides, parte do Brasil, e fundeia em Quicombo a 12 de Julho de 1648, cerca de três meses depois. Durante a viagem, devido a forte tempestade, perde a Nau Capitania, o seu valoroso Comandante, Baltazar da Costa Abreu e 300 homens de armas.
Nunca uma empresa tão importante fora intentada com tão pequenas forças!
A seguir, Salvador Correia levou a frota a navegar para norte, para Luanda, com o pretexto de hostilidades que os holandeses faziam aos restos da antiga guarnição portuguesa, declarando que isto era uma quebra flagrante da paz, que o autorizava a pedir-lhes uma satisfação.
Propôs aos holandeses que deixassem a cidade, ocupada havia sete anos.
Participou-lhes os motivos da sua vinda, as suas razões de queixa, declarando-lhes que, logo que eles não respeitavam a paz , também ele se não julgava obrigado a deixar de a infringir, e portanto  exigia que se entregassem.
Surpreendidos os holandeses com esta audácia, avaliaram em maior do que era, o poder dos assaltantes, e pediram 8 dias para tomarem uma decisão. Na verdade, queriam dar tempo para que regressassem à cidade mais de 300 soldados, que se encontravam no interior. Salvador Correia deu-lhes apenas três dias. E em 14 de Agosto de 1648, desembarcou as suas tropas a meia légua da cidade: 650 soldados e 250 marinheiros, em chalupas, deixando 180 nos navios com muitas figuras pelas enxárcias e pelas amuradas, para que de longe se julgasse muito mais numerosa a tripulação dos navios. Os holandeses, repelidos de todos os pontos exteriores, refugiaram-se na fortaleza do Morro de S. Miguel e no forte de Nossa Senhora da Guia, tendo abandonado tanto à pressa o Fortim de Santo António, que nem tiveram tempo de encravar mais do que duas peças das oito que o fortim possuía. 
Aproveitou-as Salvador Correia, e juntando-as, a quatro meios canhões que mandou desembarcar, formou uma bateria que principiou a bombardear a fortaleza, causando pouco dano, mas produzindo grande terror aos holandeses, assombrados da rapidez com que a bateria se assentara. Viu, porém, Salvador Correia que seria demorado o êxito da bateria, e apertado pela necessidade de impedir que os holandeses fossem reforçados, mandou no dia seguinte, 15 de Agosto de 1648, dar assalto às duas fortalezas ocupadas pelo inimigo.
A temeridade era incrível e seria indesculpável, se não fosse a situação perigosa em que se via. Tinha apenas 900 homens e ia assaltar duas fortalezas, onde a artilharia quase nem tinha aberto brecha e guarnecidas por 1.200 soldados europeus e outros tantos africanos. Por isso o assalto deu resultados terríveis. Depois duma escalada audaciosa em que os assaltantes foram repelidos, Salvador Correia mandou recolher as forças, e viu que havia 163 soldados mortos e 160 feridos. Tinha fora do combate mais da terça parte do seu exército. Sombrio mas resoluto, ia fazer uma segunda tentativa, quando com grande surpresa, viu aparecer um parlamentário, que vinha propor uma capitulação, o que Salvador Correia resolveu aceitar, receando o resultado de um novo assalto, em vista das perdas enormes que já sofrera. A capitulação foi concedida com todas as honras. Bem desejariam eles romper a capitulação, mas Salvador Correia tomara as suas precauções, fazendo logo embarcar em três navios a guarnição holandesa da cidade; de sorte que os recém chegados, vendo-se sós, capitularam também.
Os guerreiros da rainha Ginga é que não quiseram sujeitar-se, e arrojaram os maiores impropérios aos holandeses, por os desampararem. A guarnição holandesa de Benguela rendeu-se a dois navios portugueses sem disparar um tiro, e a de São Tomé e Príncipe, apenas soube que Luanda se rendera, partiu desamparando a ilha, deixando a artilharia e munições, de forma que os navios enviados por Salvador Correia de Sá para apoderar-se dessa nossa Colónia, encontraram já a bandeira portuguesa arvorada nos Fortes. Assim, os holandeses desampararam também as suas feitorias de Benguela-a-Velha, de Leango e de Pinda, de forma que em dois meses tinham voltado ao domínio português Angola e São Tomé e Príncipe.
Em resumo: os holandeses capitularam a 16 de agosto, saindo vencidos do Forte do Morro de São Paulo, assinaram a capitulação e foram embarcados em dois navios. Apesar da Rainha Ginga ter prometido aos holandeses do interior ajudá-los a expulsar os portugueses, preferiram ser incluídos na capitulação e embarcar com os outros.
A vitória quase miraculosa de Salvador Correia deixou de si uma lembrança tão viva na memória dos povos, que ainda em 1812 se celebrava em Luanda uma festa em acção de graças pela vitória de 15 de Agosto de 1648.
Expulsos os holandeses, os portugueses tinham ainda de subjugar e punir os Reis da Região que se haviam aliado aos holandeses. Os principais eram os súbditos da Rainha Ginga, e Salvador Correia , dispondo de poucas forças, alistou ao seu exército muitos franceses, que integravam a guarnição holandesa e haviam permanecido em Angola.
O comando da coluna foi confiado a Bartolomeu de Vasconcelos, que facilmente subjugou as forças dos Reis africanos, vendo-se a rainha Ginga forçada a pedir a paz.
Salvador Correia permaneceu quase três anos e meio no Governo de Angola com o título de Governador e Conquistador de Angola. Tinham sido nomeados para o substituir mas escusaram-se , Pedro de Sousa de Castro, Luís de Miranda Henriques e Manuel Freire de Andrade.
A reconquista de Angola resultou na rearticulação do abastecimento de escravos para a Bahia, o Rio e, depois da expulsão dos holandeses, o Nordeste.
Salvador Correia de Sá deu impulso a medidas administrativas, favorecendo o desenvolvimento de Luanda.
Em 1651 partiu para o Rio de Janeiro, deixando por sucessor Rodrigo de Miranda Henriques. Durante a sua época, expulsou definitivamente os holandeses, dominou as tribos indígenas revoltadas e fez renascer na região o Antigo Império. Não apenas recuperou os territórios ocupados mas reconstruiu os Reinos do Congo, Angola e Benguela garantindo a mão-de-obra necessária às lavouras do Brasil; religou às feitorias e povoações costeiras aos núcleos portugueses do sertão e espalhou a Fé de Cristo, impactada pelo novo credo protestante .
Desta maneira repondo tudo na forma que era antes de 1641.
Por suas exposições ao Conselho Ultramarino, os acontecimentos de Angola foram bem acompanhados.

O retorno definitivo a Portugal

Este eminente Patriota, Grande Militar, Administrador e Político, entrou para a vida militar em 1612, com 10 anos de idade.
Em 1618, com 18 anos, recebeu o Grau de Cavaleiro da Ordem de Santiago de Espada; em 1624, com 22 nos, conquistou a cidade de Salvador, depondo o Governador Diogo Furtado de Mendonça; em 1628, com 26 anos foi nomeado Alcaide-Mor da cidade do Rio de Janeiro; em 1634, com 32 anos nomeado Almirante dos Mares do Sul; em 1637, com 35 anos Governador do Rio de Janeiro; em 1644, General das Frotas e Administrador das Minas (comandou frotas de 22 navios); em 1648 nomeado Governador Geral e Conquistador de Angola.
Salvador Correia de Sá e Benevides nunca mais regressou ao Brasil, depois de 49 anos de serviços. Voltou a trabalhar no Conselho Ultramarino até 3 de Dezembro de 1680, data em que assinou sua última consulta (como se vê em Arquivo Histórico Colonial, Livro dos Autos de Posse e Assentos do Conselho Ultramarino.
Faleceu em Lisboa em 1 de Janeiro de 1688, com 86 anos de idade.

FONTE:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Salvador_Correia_de_S%C3%A1_e_Benevides_(militar)

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