quarta-feira, 15 de novembro de 2017

JORGE VIDAL DE CASTILHO BARRETO E NORONHA

Nasceu em Lisboa, na freguesia de S. José a 23 de Maio de 1880, tendo estudado no Colégio de Campolide , em Lovaina-Bélgica e na Escola Politécnica de Lisboa .
Em 1902, assentou praça, como cadete, no quartel da Cavalaria 2, tendo ingressado depois na Escola do Exército, tendo terminado o curso da Arma de Infantaria em 1906, altura em que foi promovido a Alferes.
Em 1908, segue para Moçambique, passando a trabalhar na Missão de Fronteiras, sob a chefia do então Comandante Gago Coutinho, onde se começou a familiarizar com o sextante e com os processos astronómicos de orientação e quis o destino, aproximar estes dois heróis que se celebrizariam como navegadores aéreos na mesma rota do Brasil.
Regressado à Metrópole em Junho de 1909 e com a implantação da república no ano seguinte, Jorge Castilho, que era um monárquico convicto, passou à licença ilimitada e foi para o Brasil. Apesar desta tomada de posição, e colocando o seu dever cívico à frente da política, Jorge de Castilho que também era um patriota fervoroso, retorna a solo Pátrio, quando Portugal entrou em guerra com a Alemanha na 1ª Guerra Mundial.
Promovido a Capitão em 1917, seguiu para França onde mais tarde virá a conquistar uma Cruz de Guerra, integrado no Corpo Expedicionário Português (CEP).
Em 1919, após a guerra que tinha devastado a Europa, fez parte do Grupo de Esquadrilhas de Aviação Huambo, em Angola, onde promoveu uma série de palestras para iniciação dos pilotos no uso do sextante e nos processos de navegação aérea, e foi nesta altura que estes contactos com as gentes da aviação, criaram nele o gosto de a servir, começando a interessar-se pelos temas aeronáuticos , levando a que em 1920, acabe por publicar o artigo intitulado “Navegação Aérea”, o qual fará com que o seu antigo Comandante, Gago Coutinho, lhe responda estreitando ainda mais os laços de afinidade que tinham criado.
Cada vez mais entusiasmado pela aeronáutica, Jorge de Castilho, apesar de não pertencer à 5ª Arma do Exército, resolve participar a título particular no curso de Observador Aéreo, ministrado na Escola Militar de Aviação. 
Em 1926, efectuou vários voos com o objectivo de ensaiar os métodos e instrumentos criados para a navegação aérea sobre o mar, passando a ser um discípulo dilecto e aplicado de Gago Coutinho na utilização do sextante por este inventado, tendo ainda introduzido algumas modificações significativas no mesmo.Seria na 1ª Travessia Aérea Nocturna do Atlântico Sul realizada em 1927, que Jorge de Castilho se consagraria, ao efectuar 28 observações totalizando 158 rectas de altura, sendo 12 de estrelas, 2 de planetas, 7 da Lua sobre o horizonte visual e 7 do Sol sobre o horizonte visual. 
Percorreu no hidroavião Dornier Do J Wal, baptizado como “Argos”, juntamente com Sarmento Beires, Duvalle Portugal (que entretanto saiu em Bubaque, na Guiné de modo a que a aeronave pudesse levar mais combustível) e Manuel Gouveia 2595 Km em 18 horas e 12 minutos, sendo que destas 13 foram em voo nocturno.
Actualmente, estes valores podem parecer insignificantes, face ao avanço tecnológico, mas na altura marcou uma proeza digna de registo tendo merecido as seguintes palavras de apreço proferidas por Sarmento Beires : “ Castilho, o grande amigo, que nos levou pela mão, na plena noite equatorial, socorrendo-se do sextante de nível concebido por Gago Coutinho e por ele adaptado à observação das estrelas”. 
Após esta viagem, de êxito ímpar, Jorge de Castilho e os seus companheiros conquistaram o mui honroso Colar da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito. 
Em 1928, no culminar da sua paixão cada vez maior pela Causa do Ar, Jorge de Castilho ingressou na Arma de Aeronáutica com o posto de Major, tendo participado em muitos projectos de viagens, nomeadamente na tentativa de ligação de Lisboa a Nova Iorque, bem como sendo um geógrafo competente, participou em Moçambique e em Timor em missões de carácter geográfico e geológico.
Promovido a Coronel em 1937, viria a falecer a 5 de Fevereiro de 1943 em Sidney, na Austrália.

Colaboração de Madiba P. Moreira

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