quarta-feira, 5 de setembro de 2018

JOSÉ MANUEL SARMENTO BEIRES

Foi brevetado no primeiro curso de pilotos da Escola Militar de Vila Nova da Rainha, tendo recebido o seu diploma de piloto em 10 de maio de 1917, numa sessão realizada na Sociedade de Geografia de Lisboa, em que também foram entregues os diplomas aos outros 12 primeiros pilotos militares portugueses que eram além deste, Olímpio Ferreira Chaves, Azeredo Vasconcelos,Sousa Gorgulho, João Luis de Moura, Luis Cunha e Almeida, António Cunha e Almeida, Miguel Paiva Simões, Pereira Gomes J., Rosário Gonçalves, Duvale Portugal, Aurélio Castro e Silva e José Joaquim Ramires.
Seguiu depois para França onde frequentou as escolas de Chartres, Chateauroux e Avord. 
Colocado no grupo de Esquadrilhas de Aviação República foi o primeiro português a realizar um voo nocturno. Tendo um espírito irrequieto e idealista, opôs-se ao Estado Novo sendo por isso demitido das Forças Armadas e forçado ao exílio.
Senhor de vários talentos, além de engenheiro militar foi também escritor e jornalista. Foi piloto do Cavaleiro Negro (, Tentativa de viagem à Madeira em 1920, tendo sobrevoado a ilha, mas não conseguido aterrar devido ao nevoeiro, tendo amarado de emergência por falta de combustível ) , do Pátria (Raid aéreo Lisboa-Macau em 1924) e do Argos (Primeira travessia aérea nocturna do Atlântico Sul em 1927). 
Na sequência da participação na tentativa de golpe militar contra o Estado Novo em Julho de 1928, para restaurar a democracia, é demitido da Aeronáutica e abandona o país, onde na clandestinidade continua a manter intensa actividade politica de oposição ao regime de Salazar. 
Entre 1929/30 esteve ao serviço do Governo francês como conselheiro aeronáutico em Hanói e em 1931 regressou clandestinamente a Portugal onde fez parte do grupo organizador da tentativa de golpe de Agosto do mesmo ano.
Em 1933 acaba por ser preso em Lisboa pela polícia politica e em 1934 foi condenado a sete anos de desterro e perda de todos os direitos cívicos durante 10 anos.
Depois de passagens por Espanha, França, Macau e Moçambique fixa-se no Brasil onde manteve uma intensa actividade de jornalista, escritor, tradutor e cronista de guerra em várias estações de rádio durante a Segunda Guerra Mundial.
Em 1951 foi amnistiado e reintegrado na reserva no posto de major passando à situação de reforma em Setembro de 1963. Em 14 de Agosto de 1972 foi promovido por distinção ao posto de coronel, tendo falecido no dia 8 de Junho de 1974 em Vila Nova de Gaia. 
Foi condecorado com o grau de Oficial da Ordem Militar de Santiago da Espada a 30 de Janeiro de 1928 , de Grande-Oficial da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito a 3 de Fevereiro de 1928 e Comendador da Ordem do Império a 11 de Junho de 1964. Recebeu também as condecorações estrangeiras da Legião de Honra francesa e a Ordem do Rei do Cambodja (França).
Esta foi a história do homem que um dia escreveu “A Aeronáutica Militar tem uma missão histórica a cumprir”.



Colaboração de Madiba P. Moreira

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