Oficial do Exército e explorador Africano, de seu nome completo Henrique Augusto Dias de Carvalho, era natural de Lisboa, onde nasceu a 9/6/1843.
Filho de João Augusto Dias de Carvalho e Emília de Macedo, deu entrada no Colégio Militar sob a protecção do Marechal Saldanha.
Terminado o curso assentou praça como voluntário em Infantaria 7. Frequentou de seguida a Escola do Exército e frequentava a Escola Politécnica, quando se proporcionou a ida como Alferes para Macau, onde prestou serviço nas Obras Públicas.
Em 1873 foi nomeado para exercer um cargo civil na administração de S. Tomé, de onde se retirou em 1876 por doença. Em 1877 partiu para Moçambique, servindo aí até Setembro de 1878, data em que transitou para o serviço das Obras Públicas de Luanda, onde se manteve até Abril de 1882.
Pinheiro Chagas, ministro da Marinha e Ultramar, enviou em 1883 a Angola, uma expedição dirigida por Brito Capelo e Roberto Ivens, com a finalidade de procurar um caminho comercial entre Angola e Moçambique e de estudar as relações existentes entre a bacia do Zaire e do Zambeze.
No dia 6 de Maio de 1884, partiu de Lisboa o Major Henrique de Carvalho, encarregado de realizar uma viagem à corte de Muatiânvua, no país da Lunda. A expedição visitaria para efeitos comerciais os povos do Quimbundo, Cuango e Cassai, e levaria ao Muatiânvua uma mensagem de amizade. Também ía com o objectivo de firmar com essa potência um tratado pelo qual fosse garantida protecção a uma missão civilizadora, religiosa e comercial, dirigida por um residente português a estabelecer no seu território.
A expedição era também de carácter científico, pois tinha como missão estudar as condições de clima e navegabilidade dos rios, e impedir a influência de quaisquer exploradores estrangeiros que tivessem actuado nas regiões do além Cuango.
Em 1888 voltou a Portugal, após ter percorrido grande parte da Lunda, cujas riquezas pode conhecer. Iniciou então propaganda activa no sentido da criação do distrito da Lunda, o que veio a acontecer em 1895, e do qual foi o 1º Governador então com a patente de Coronel.
O seu secretário, que lhe foi imposto, fez desaparecer os papéis do novo Distrito e H. de Carvalho, sob o peso de graves acusações, regressou a Lisboa, preso, recolhendo ao Castelo de S. Jorge, onde durante um ano aguardou o julgamento e a condenação do seu secretário.
Passado algum tempo, seguiu para a Guiné em missão particular, com Vitor Cordon, como funcionário da Companhia de Comércio e Exploração da Guiné, da qual era capitalista o Marquês de Liveri. Tendo o Marquês pretendido dar à Companhia uma administração belga, H. de Carvalho opôs-se a tal propósito e regressou a Lisboa onde faleceu em 4 de Novembro de 1909.
Como homenagem póstuma aos serviços prestados em Angola, o alto comissário Norton de Matos, em 1923 mudou o nome de Saurimo, capital da Lunda, para Vila Henrique de Carvalho.
Nesta localidade, em 1939, foi erigido um monumento em sua memória da autoria de Raul Xavier.
Foram-lhe atribuídas as seguintes condecorações:
Comenda da Ordem de Santiago e Espada, de Cristo e Avis. Medalha de prata de Comportamento Exemplar. Medalha de Ouro por Serviços no Ultramar e as Ordens estrangeiras da Estrela Africana do Congo e da Coroa de Itália.
Como resultado das suas viagens, publicou as seguintes obras:
CARVALHO, Henrique A. D. A Lunda ou os estados do Muatiânvua. Domínios da soberania de Portugal. Lisboa: Adolpho, Modesto & Cia., 1890.
-----------------. Expedição Portuguesa ao Muatiânvua. Ethnographia e História
Tradicional dos Povos da Lunda. Lisboa: Imprensa Nacional, 1890.
-----------------. Expedição Portuguesa ao Muatiânvua. Méthodo prático para fallar a língua da Lunda contendo narrações históricas dos diversos povos. Lisboa: Imprensa Nacional, 1890.
-----------------. Expedição Portuguesa ao Muatiânvua. Meteorologia, Climatologia e Colonização: estudos sobre a região percorrida pela expedição comparados com os dos benemeritos exploradores Capello e Ivens e de outros observadores nacionaes e estrangeiros: modo practico de fazer colonisar com vantagem as terras de Angola.
Lisboa: Typ. do jornal "As Colonias portuguezas",1892.
-----------------. Expedição Portuguesa ao Muatiânvua 1884-1888: Descripção da
Viagem à Mussumba do Muatiânvua.
Lisboa: Imprensa Nacional & Typographia do Jornal As Colônias Portuguesas, vol. I: de Loanda ao Cuango, 1890; vol. II: do Cuango ao Chicapa, 1892; vol. III: do Chicapa ao Luembe, 1893 e vol. IV: doLuembe ao Calanhi e regresso a Lisboa, 1894.
A respeito da viagem à Lunda ainda foi publicada a obra “ Os climas e as produções agrícolas das terras de Malange à Lunda “ esta da autoria de Sezinando Marques.
Partilhado por Pedro Dinis
Gostava de saber se teve filhos.
ResponderEliminarComo se poderá saber o nome do secretário que levou Henrique de Carvalho à prisão?
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