quarta-feira, 28 de março de 2012

A 1ª NAVEGÃO ASTRONÓMICA AÉREA

“AOS AMIGOS AMANTES DA HISTÓRIA  
resenha histórica da aviação portuguesa


Faz hoje 91 anos, no dia 22 de Março de 1921, que pela primeira vez, a bordo dum avião, se determinou sua posição (o ponto) por via dos astros. E fizeram-na portugueses.
Nesse dia levantou voo, do rio Tejo, o hidroavião “Felixtowe F.3” com quatro aviadores famosos; três portugueses, o Capitão de Mar e Guerra Gago Coutinho, o Capitão Tenente Sacadura Cabral e o Capitão Tenente Ortins Betencourt e um françês o mecânico Robert Suberand.
Aquele hidro saiu da doca do Bom Sucesso, correu rio abaixo, e pelas 1025 levantou voo iniciando a viagem rumo à Madeira onde amarou na baia do Funchal cerca da 1715.
A amaragem foi acidentada, tendo a nave capotado e se inclinado perigosamente começando a afundar-se.
O tenente Ortins Betencourt, ou pela pronta decisão por ser o mais jovem, ou por melhor posicionamento, de pronto saiu da carlinga e trepou para o extremo da asa que se elevava perigosamente, fazendo retomar o equilíbrio do hidro evitando seu possível afundamento e permitir o salvamento dos companheiros de voo pelas embarcações locais, que de pronto acorreram.
Foi nessa viagem que pela 1ª vez, em todo o Mundo, se utilizou um sextante -  com adaptação de horizonte artificial, um invento de Gago Coutinho – para determinar a posição dum avião em voo. Nessa data a aviação tentava cruzar os grandes oceanos.
A viagem de Lisboa-Funchal constituiu o teste (incluso o da observação astronómica com o sextante de horizonte artificial) para a grande travessia aérea do Atlântico Sul efectuada em 1922, iniciada então num hidro mais pequeno, apenas com dois lugares, o “Lusitânia”. Foram sacrificados Ortins Bettencourt e Robert Suberand, pela utilização dum avião mais leve e cujo peso dos aviadores preteridos seria compensada com mais combustível, a permitir a longa viagem.
De notar que o sextante, introduzido na navegação astronómica marítima em 1757, substituindo o octante que por sua vez colocara de lado, um século antes, o astrolábio com a fixação, primeiro dum só espelho, neste velho instrumento náutico dos nossos navegadores do século XV, foi abandonado pela navegação aérea nos anos 70  – na TAP deixou de “voar” em 1974 – e na navegação marítima nos anos 90. Alguns navios ainda mantêm a bordo os sextantes “como relíquia” mas a actual navegação é totalmente electrónica deixando os astros “reservados” ao céu.
O “sextante aéreo” navegou pelos astros 50 anos.
O “sextante marítimo” e seus antepassados navegaram 500 anos.
Talvez o evento, que hoje recordamos, nos pareça de há muito tempo, ou quiçá nos pareça ter sido ontem….E FAÇAM, DAQUI A NOVE ANOS, UM  CENTENÁRIO DIGNO DA NOSSA HISTÓRIA”

Vitor Oliveira

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