terça-feira, 29 de junho de 2021

VINTE CARROS DE BOIS CARREGADOS DE PÓLVORA FORAM PELOS ARES.


Faz em 9 de Agosto 189 anos, que se dá uma das maiores explosões que há memória em Portugal...20 carros de bois de pólvora foram pelos ares.
Vindo de Abrantes, os Absolutistas, "tropas" de D. Miguel, chegam à Ponte da Mucela, no dia 4 de Agosto, um comboio de 20 carros carregados de pólvora com destino ao norte, talvez Viseu ou Lamego. A escoltá-lo vêm 40 “voluntários realistas”.
A 5 de Agosto de 1832, logo pela manhã, resolvem fazer uma paragem, na chamada Eira do Forno, já perto da Cortiça, fica no cimo do Monte onde ainda hoje se avista um olival imponente.
A dado momento, um dos “carreiros” que se diz ser um tal José António, da Urgueira, ao passar junto à casa de José Maria de Oliveira, grita: - está ali um malhado!
Era um conhecido partidário das ideias liberais, que andava a apanhar fruta nas traseiras da casa. Logo os milicianos se atiram ao pobre homem indefeso bem como a um outro vizinho. Em seu auxílio surge um grupo de liberais que depois de grande troca de tiros consegue ganhar aos agressores que eram em bem maior número. Com a situação dominada resolvem desviar o carregamento de pólvora e colocá-lo à disposição do capitão de Ordenanças do Carapinhal, José Dias Brandão e desse modo ficar em “melhores” mãos. Quando tal intento começava a ser concretizado, eis senão, chega um grupo de outros “voluntários” que vindos do Norte regressavam a Abrantes. Nova escaramuça se trava ali perto dos Poços e os liberais mais uma vez saem de vencida. Só que, pressentindo que em breve estariam cercados pelas Ordenanças de Penacova e de outros concelhos das redondezas, decidem deitar fogo à pólvora.
Foi então que junto à Catraia dos Poços, perto da Serra da Sanguinheda, longe das casas, amontoam a pólvora dos 20 carros de bois e estendem o rastilho. Terá sido Manuel Brandão a acendê-lo. Mas já perto do monte, o pavio apaga-se. Valeu naquele momento a coragem de um penacovense, um dos irmãos Sande, da Carvoeira, antigo Sargento de Caçadores 8. De rastos aproximou-se perigosamente do monte de pólvora e reacendeu o rastilho, fazendo explodir toda aquela quantidade de explosivos. Imagine-se o estrondo que se fez sentir por terras da Casconha!
Não demorou muito para que as tropas (guerrilhas) de Arganil chegassem e perseguissem tudo o que era “liberal”. Muitos destes atravessam o Mondego indo refugiar-se na zona dos Fornos e Alcarraques, já perto de Coimbra. Outros ficaram pela zona do conflito, sendo a maioria imediatamente presa. António Joaquim (ou António do Arrabalde, como era conhecido) ainda se refugiou na toca de um castanheiro, mas de nada lhe valeu.
Às “guerrilhas“ de Arganil juntaram-se as Guerrilhas e Ordenanças de 22 concelhos da região. Também a Infantaria e Cavalaria de Coimbra entraram em campo. Não custa pois imaginar as perseguições, os incêndios, os saques, as prisões que sofreram todos os simpatizantes da causa liberal.


By "José Maria Dias Ferrão"

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