Nasceu em Coimbra em 13 de Maio de 1900. Tendo estudado por terras coimbrãs, até ao curso liceal, veio para Lisboa frequentar a antiga Escola Politécnica, a fim de obter os preparatórios para ingressar na Escola de Guerra, o que viria a acontecer a 21 de Agosto de 1918.
Terminado o seu curso a 15 de Novembro de 1920 e sendo promovido a Alferes, é colocado no Regimento de Artilharia 2. Em 1927, já com o posto de Tenente, este oficial oriundo da Arma de Artilharia, ingressou na Aeronáutica Militar, onde obteve as Asas de Piloto Militar em 14 de Junho de 1928, sendo colocado no Grupo de Aviação de Informação Nº1 (antigo Grupo de Esquadrilhas de Aviação República) na Amadora. Como curiosidade, do seu curso fizeram parte outros nomes que vieram a ter destaque no início da Força Aérea Portuguesa, como por exemplo o que viria a ser General de 4 estrelas, Carlos da Costa Macedo ( Chefe de Estado-Maior), e os Generais Humberto Pais, Dário de Oliveira e Humberto Delgado.
Entre 1930 e 1931, Humberto da Cruz, foi instrutor do 1º Curso de Pilotagem organizado pelo Aero Club de Portugal e que também ele, inicialmente, funcionou na Amadora
Em 1931, Carlos Bleck, convida-o para o acompanhar numa viagem empreendedora entre Portugal-Guiné-Angola e volta (saída da Amadora até Benguela e retorno à Amadora). Tendo aceite o convite, os dois aviadores a bordo de um De Havilland Moth, baptizado como “Jorge Castilho”, iniciam a viagem em 30 de Dezembro de 1930 e retornam à Amadora em 21 de Fevereiro de 1931 com 20.175 Km percorridos em 167 horas e 50 minutos de voo.
Em 1934, estando colocado em Alverca, no Grupo Independente Aviação de Bombardeamento (GIAB) na altura comandado pelo então Major Pinheiro Corrêa, faz parte do cruzeiro a Espanha e Marrocos, organizado pelo referido comandante. Nesse mesmo ano, entre 25 de Outubro e 21 de Dezembro, na companhia do mecânico António Lobato, efectua a viagem aérea Lisboa-Timor (Dilly)-Lisboa, num total de 42.670 Km percorridos em 268 horas e 25 minutos.
Em 1935 participa no Cruzeiro Aéreo às Colónias, onde devido a intoxicação por inspiração dos gases de escape da aeronave, não retorna, pela única vez, ao ponto de partida .
Em 1937 foi promovido a Capitão, e em Agosto desse ano é novamente colocado no GIAB (já em fase de extinção) e depois na Base Aérea da Ota, onde foi um dos membros fundadores.
Nesta unidade, mais tarde designada Base Aérea Nº2, passou a exercer as funções de comandante da 1ª Esquadrilha do Grupo de Bombardeamento de Noite, equipado com aeronaves Junkers JU-52 e para o efeito em 1939 juntamente com Dário de Oliveira (então capitão) e Costa Franco (então Tenente) fez um estágio na Alemanha onde recebeu instrução de pilotagem da referida aeronave, bem como o curso de voo sem visibilidade.
Em 1943, é promovido a Major e colocado na Base Aérea 4 (então situada na ilha de S. Miguel) e nomeado para comandar a referida unidade.
Aqui, em virtude de desentendimentos de carácter técnico e de aplicação tática da nossa aviação no arquipélago tidos com o General Ramires e em que Humberto Cruz tinha a razão do seu lado, acabará por fazer com que seja punido disciplinarmente pelo Sub-Secretário de Estado da Guerra, General Fernando dos Santos Costa, fazendo com que Humberto da Cruz pedisse a passagem à reserva e posterior reforma, o que viria a acontecer nesse mesmo ano.Em 1944, quando da fundação do Secretariado de Aeronáutica Civil, dirigido pelo então Tenente-Coronel Humberto Delgado, foi nomeado adjunto da direcção e nesse cargo deixou valiosos estudos para a organização dos Transportes Aéreos Portugueses, então criados como organismo do Estado, bem como tomou parte na 1ª viagem experimental a Luanda e Lourenço Marques, para a escolha adequada do itinerário e escalas da que viria a ser conhecida como Linha Aérea Imperial e que se iniciou no ano seguinte.Com a saída de Humberto Delgado do Secretariado (e que passaria a ser a DGAC), Humberto da Cruz abandonou também as suas funções directivas na aviação civil, dedicando-se à sua vida privada. Por ocasião do 45º aniversário da Travessia Aérea Nocturna do Atlântico Sul, na Amadora, um grupo de amigos e admiradores de Sarmento Beires, empenhou-se em que o mesmo fosse promovido a Coronel dados os serviços prestados por este à aviação militar antes do seu exílio, o que viria a acontecer em 1973. Desta forma, Humberto da Cruz, também ele com duas Torres Espadas, requereu a sua promoção ao mesmo posto e sob a proposta do Secretário de Estado da Aeronáutica, o General Mário Telo Polleri, esta seria aprovada com toda a certeza por Marcello Caetano, então chefe do Governo. Entretanto com o 25 de Abril de 1974, esta aspiração morreria, apesar de haver um precedente idêntico e Humberto da Cruz, acabaria por falecer em 9 de Julho de 1981 sem ser promovido ao posto que de forma justa ansiava.Foi condecorado com a Medalha de Prata de Comportamento Exemplar, com os graus de Cavaleiro e Comendador da Ordem Militar de Avis, da Ordem Militar de Cristo e da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito. Foi também agraciado depois da sua passagem à reforma, no Cinquentenário da Aviação Militar, realizado em Alverca, com o grau de Comendador da Ordem do Império por Alvará de 8 de Maio de 1964, De condecorações estrangeiras possuía o grau de Comendador da Ordem de Nidram Ifitikar da Tunísia, concedida em 1935, e o grau de Oficial da Ordem Medahula de Espanha, conferido em 1943. Além das condecorações, foi-lhe atribuído por duas vezes o Troféu Clifford Harmon da Liga Internacional dos Aviadores.
Colaboração de Madiba P. Moreira
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