quarta-feira, 5 de julho de 2017

AS RUÍNAS DE BRITEIROS

Panorâmica da Citânia de Briteiros visto pelo lado sul
As ruínas arqueológicas de Briteiros conhecida há mais de três séculos pelo nome de Citânia de Briteiros, são as de um grande povoado primitivo fortificado em oppidum, pertencentes ao tipo geral dos chamados castros do Noroeste da Península Ibérica, o qual nos apresenta vários traços da sua cultura celta.
Desde meados do século XVl que alguns escritores espanhóis e portugueses se referiram a Citânia, mas foi o Drº Francisco Martins Sarmento, celebre arqueólogo e etnólogo vimaranense quem, primeiro que ninguém se ocupou dela cientificamente.
As notáveis escavações ali realizadas pelo Drº Martins Sarmento em 1875, são hoje conhecidas no mundo científico pela celebridade que lhes deu a 1ª Conferencia Arqueológica Nacional efetuada em Guimarães, a 10 de Junho de 1877 e, mais tarde, a visita de alguns dos mais ilustres congressistas estrangeiros que então vieram a Portugal assistir lXª sessão do Congresso Internacional de Antropologia e de Arqueologia Pré-históricas, realizada em Lisboa em 1880.
A Citânia de Briteiros fica situada no monte de S.Romão, freguesia do Salvador de Briteiros, a uns 15 km de Guimarães.
Quem nunca percorreu semelhante ruínas, fica, ao chegar junto a elas, deveras impressionado com o espectáculo que se lhes oferece.
A zona em que as habitações são mais compactas, cercada pela primeira das muralhas que rodeiam a cidade, mede cerca de 250 metros de comprimento por 150 de largura. Esta zona contem mais de 150 restos de casas, umas circulares, no género céltico, outras rectangulares (como as do sul do país que denotam a influencia ibérica) e ainda outras oblongas.
Das ruas principais, empedradas, quase paralelas e medindo 2,5m de largura, o máximo cortam cidade em sentido longitudinal; outras menos importantes, vielas ainda mais estreitas, desembocando as vezes sobre pequenas praças ladrilhadas, dividem as ruínas em quarteirões diversos, onde as casas se agrupam, acompanhando o declive da encosta.
As habitações mais estranhas e as que mais se afastam do tipo usual que se vêm na Citânia são: uma casa redonda, contendo uns bancos de pedra no interior, em volta das paredes; uma outra casa, também circular com o excepcional diâmetro de quase 8 metros; e ainda uma outra com uma divisão central rectangular tendo, dos lados dois quartos circulares e contendo, além disso, diversos pequenos compartimentos anexos. 
É igualmente digna de atenção a caleira de pedra seguindo á margem de uma das duas ruas principais e que outrora, encaminhava a água de uma nascente, actualmente seca, até á fonte, pequeno reservatório de pedra de forma característica, absolutamente semelhante, posto que duas vezes milenário, aquelas que ainda hoje se encontram em muitas fontes modernas, através das aldeias e lugarejos da nossa província do Minho.

Quais seriam os povos que antigamente teriam ocupado este promontório escarpado o qual se ergue sobranceiro ao pitoresco rio Ave, cujo vale, hoje coberto abundantes lavouras e vinhedos, ficava nesses tempos remotos, escondido por vasta e umbrosas florestas?
Os modernos trabalhos antropológicos e etnológicos pouco nos esclarecem a este respeito e os antigos autores como Ptolomeu, Plínio e Méla falam-nos desta região, dos «callaeci bracari», dos «leuni» dos «seurbi» e dos «grovii», tribus secundárias dos celtici; mas de todos estes apelativos apenas se adquire uma breve informação de ordem geográfica que pouco ou nada nos dá a conhecer os caracteres étnicos desses povos Contentem-mo-nos, portanto, em dizer que, de modo genérico, os habitantes da Citânia pertenceriam ao grupo dos callaeci bracari. 

Quanto á cronologia destes habitats, é em geral fixado no apogeu da 2ª Idade do Ferro (500-300 A. C) teriam deixados de ser povoados pelos fins do seculo lll ou começo do lV, da nossa era, quando o domínio romano já, há muito, estabelecera uma paz duradoura e segura que não exigia mais a defesa e o asilo das montanhas.
Interessante o mobiliário abundante encontrado pelo Dr. Martins Sarmento, durante as escavações feitas tanto na Citânia como no Sabroso, outra povoação primitiva, situada no monte fronteiro a S.Romão e muito mais pequena do que a primeira mas, tanto ou mais importante do que ela pelas suas características gerais e natureza de espolio ali encontrado e exposto no Museu da Sociedade Martins Sarmento em Guimarães. Essa colecção de algumas series importantes e numerosas de peças isoladas
É impossível alongarmos a discrição dessas peças de tantos e variados, como em obras em cerâmica matais moedas, etc. 
Não se deve no entanto deixar de mencionar um dos mais interessantes exemplares arqueológicos, existentes no referido Museu e o mais conhecido de todos os monumentos de pedra que ali se encontram, proveniente dos dois notáveis castros, Citânia e Sabroso. E ele a Pedra de Briteiros, cuja primitiva aplicação ficou sempre ignorada, muito embora as opiniões dos vários entendidos concordem em se lhes atribuir um significado ritual- stela funerária ara de sacrifícios (sacra mensa) 
Tem forma hexagonal e os lados bastante irregulares, medindo 2, 90m de largura por 2,28m de comprimento e apena 0,24m de espessura. É lavrada numa das faces com grosseiros ornatos em relevo apresentando em bruto a face oposta.
Desde o começo do seculo XVlll, época em que os primeiros escritores se referiram a esta pedra, já então conhecida pelo nome de «formosa», que se v o grande interesse que o curioso monumento tem despertado mesmo a pessoas pouco versadas em arqueologia e isto será provavelmente devido, em primeiro lugar, á sua bizarra ornamentação e grandes proporções; e em segundo lugar, ao caracter desconhecido, misterioso, do seu primitivo uso.

Pode ser visitado virtualmente através de:
https://www.google.com/maps/place/Cit%C3%A2nia+de+Briteiros/@41.52639,-8.315278,2315m/data=!3m1!1e3!4m12!1m6!3m5!1s0xd24fb4e91e8c43f:0xe60931a50191355a!2sCit%C3%A2nia+de+Briteiros!8m2!3d41.52639!4d-8.315278!3m4!1s0xd24fb4e91e8c43f:0xe60931a50191355a!8m2!3d41.52639!4d-8.315278




O espólio arqueológico destas ruínas encontra-se exposto, em Guimarães, no Museu Arqueológico da Sociedade Martins Sarmento
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Por: Aníbal de Oliveira

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